De
acordo com o IBGE, que mede a variação nas capitais, o preço do feijão subiu
33,49% no ano até maio e 41,62% em 12 meses
Pressionados por problemas climáticos, os preços do prato típico
do brasileiro, o feijão com arroz, dispararam neste ano
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Estadão Coteúdo
Pressionados
por problemas climáticos, os preços do prato típico do brasileiro, o feijão com arroz, dispararam neste ano. Isso
dificulta a vida do consumidor, especialmente o de baixa renda, que, acuado
pela recessão e pelo desemprego, cortou a compra de itens supérfluos no
supermercado.
Só
o feijão subiu 28%, em média, até maio, segundo pesquisa de auditoria de varejo
da GfK, que coleta preços em pequenos e médios supermercados instalados em 21
regiões do País, entre capitais e cidades do interior. O mesmo levantamento
aponta que o arroz ficou 5% mais caro no período. De acordo com o IBGE, que
mede a variação nas capitais, o preço do feijão subiu 33,49% no ano até maio e
41,62% em 12 meses.
Mas
já existe uma alta de preço do arroz no varejo encomendada. É que a cotação do
saco de 50k do arroz tipo 1, em casca, atingiu R$ 44,52 na sexta-feira, o maior
valor registrado no Rio Grande do Sul em quase 20 anos, segundo o Instituto Rio
Grandense do Arroz (Irga). E parte do repasse acaba sendo inevitável,
principalmente, porque ser um alimento básico.
"O
freio no preço do arroz poderia vir da importação de países vizinhos", diz
Athos Dias de Castro Gadea, gerente do Irga. De toda forma, ele pondera que os
problemas climáticos, por causa do fenômeno El Niño, que afetaram a safra do
Rio Grande do Sul, o maior produtor do País, também prejudicaram a as lavouras
de Uruguai e da Argentina. Neste ano, o Rio Grande do Sul colheu 7,4 milhões de
toneladas, com uma quebra de 16% em relação à safra passada.
Importação
Já
a importação não é a saída para aliviar a alta de preços do feijão. Os estoques
oficiais do produto encontram-se em níveis muito baixos, 108 mil toneladas, e a
importação do feijão preto, da China, não chegaria ao País em tempo hábil para
completar a oferta, observa Carlos Alberto Salvador, engenheiro agrônomo do
Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura do Paraná. O Paraná
responde por 24% da colheita nas três safras de feijão e o Estado é o principal
produtor.
Salvador
explica que, por causa do clima, o Estado teve quebra de 14% na primeira safra
encerrada em março e de 21% na segunda safra que acaba de ser colhida e que
somou 318,2 mil toneladas. Já a terceira safra está sendo plantada. Mas ela é
insuficiente para reverter a alta de preço. "Vamos ter preços elevados do
feijão até agosto", prevê. Em maio, o preço médio recebido pelo produtor
do Paraná pela saca de 60k do feijão em cores foi de R$ 228,21, mais que o
dobro do que mesmo mês do ano passado (R$ 106,82).
Marco
Aurélia Lima, diretor de auditoria de varejo da GfK, observa que em maio o
feijão foi o alimento que registrou maior alta entre os alimentos básicos,
subiu 6,94%, superado apenas pela batata (8,68%). No entanto, a dificuldade é
que esse alimento é de largo consumo, sobretudo entre os mais pobres. De acordo
com a consultoria, cada família consome cerca de 3 kg de feijão por mês. No
varejo, o quilo chega hoje a R$ 12, conta o presidente do Conselho Consultivo
da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda.
Além
do feijão com arroz, a pesquisa da GFK aponta também altas expressivas no ano
até maio de outros produtos básicos, como farinha de mandioca (34,5%), leite
longa vida (19,3%), açúcar (18,2%), ovo (7,7%), óleo soja (7,6%) e até carne de
segunda (3,12%).
"Está
ocorrendo uma migração da carne de primeira para carne de segunda",
observa Honda, que atribui parte do aumento de preço da carne ao avanço da
exportação.
Inflação
O
impacto da alta dos itens básicos deve ter reflexos na inflação deste mês. Para
junho, a LCA Consultores espera uma inflação de 0,35%, em boa parte por causa
da elevação dos preços do grupo alimentos e bebidas, que, ao lado do grupo
habitação, deve puxar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para cima.
Em maio o IPCA ficou em 0,78%. As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
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